Manhã cedo, véspera de 10 de Junho.
Para descrever a baixa de Lisboa nesse dia o primeiro substantivo que me ocorreu foi um que já não se usa muito: balbúrdia. Trânsito condicionado por causa dos ensaios para as cerimónias no Terreiro do Paço, o Campo das Cebolas é nestes dias um estaleiro de obras e o quarteirão seguinte, a caminho do Jardim do Tabaco, está transformado num campo arqueológico.
Em Alfama a balbúrdia juntou-se ao frenesim. Os preparativos para a véspera de Santo António atingiam o auge com o barulho dos martelos a pregar balcões feitos de tábuas de contraplacado nas paletes que serviam de base às bancas de venda de sardinhas, bifanas e afins.
Desviado da confusão, no interior do bairro, optei por me concentrar nos becos e escadinhas à procura do tempo de Roque Gameiro descartando as decorações de Santo António e os turistas de mala na mão à procura do alojamento com reserva feita no Airbnb.
Depois de olhar as linhas cruas do desenho, num fim de tarde, voltei a Alfama para colocar cor.